Teoria e Prática o Ideal e o Real

Na prática a realidade é outra

Outro dia assistia um dos muitos programas de uma renomada emissora de TV ( não cabe aqui especificar o nome)  quando me dei a observar as falas dos especialistas, as escolas, as equipes pedagógicas e mesmo os professores e alunos na abordagem do tema a importância do brincar na Educação Infantil. 
Tema muito atual sobre o qual já me debrucei em inúmeras ocasiões.

O ideal da teoria e o que temos na realidade

Mas não quero que se atenha propriamente ao tema, mas puxe pela memória todos os bons programas do mesmo tipo que você já viu enquanto estiver lendo este texto.

Voltando ao assunto .. Observava com certo encantamento aquilo tudo quando meu olhar espichou para a estrutura das escolas mostradas no programa.

Escolas com espaço amplo, parques, espaço arborizado e numa delas até casinha construída exclusivamente para que as crianças pudessem elaborar seu faz-de-conta, etc… Um sonho de consumo sem dúvida nenhuma!
Os projetos mostrados eram excelentes e a aplicação por parte dos professores era mesmo um sonho.

Verificando aquela realidade e todas as importantes falas dos teóricos e de fato concordando com todas elas eu me inquietava.

Eram falas pertinentes de pessoas que avaliaram profundamente o processo de aprendizagem das crianças através dos jogos e das brincadeiras. Ideias especiais que podem e devem ser adotados por qualquer educador que deseja fazer um trabalho de qualidade.

Ver todas aquelas crianças brincando e sorrindo naquele espaço maravilhoso com uma diversidade de brinquedos industrializados ou construídos junto com os professores em sala de aula me fez feliz… Fez sim…

Contudo eu imaginava … Como se sente um colega que está numa escola sem muros com uma única sala de aula e quase 30 alunos por 4 horas diárias quando assiste a um programa desses?
Mil formas de realizar um bom trabalho, mas com crianças amontoadas em um local minúsculo.
Não há fala ( por mais coerente que pareça) que cruze com a realidade dele de forma positiva. Até por que se sair da sala para tentar aplicar algum jogo ou brincadeira que envolva movimento as crianças estarão expostas a uma temperatura de no mínimo 37 graus na sombra, além de correrem o risco de atropelamento ou algo pior .
Me entristeci!
Mas as falas dos teóricos eram sim pertinentes e continue a pensar…

Como será para este colega ver a equipe diretiva 1 ou 2  vezes por semana no máximo, o orientador pedagógico igualmente e o coordenador apenas nas reuniões pedagógicas de início de ano letivo?

Se alguma dificuldade aparece só tem ele pra resolver, mediar, travar uma verdadeira luta com o sistema… Se precisa de um apoio  não pode contar com mais ninguém… 
Do que adianta um coordenador pedagógico ou orientador que quase nunca está na escola?
Não por que não queira, mas por que precisa atender 3 ou 4 escolas do município.

Um simples apoio seria maravilhoso… Um minuto para que o professor pudesse ir ao banheiro, outro para que no recreio pudesse tomar uma xícara de café ou respirar, tomar fôlego.

Mas não existe isso… Não existe o ideal da teoria e sim o real da dificuldade na prática, por que na prática a realidade é outro e bem diferente do que é apresentado nos programas de televisão.
Sabe.. você vai assistindo e cruzando o ideal com o real .
Ora, em um mundo ideal com escolas ideais as teorias seriam facilmente colocadas em prática, até por que maioria delas é criada para o atendimento individualizado ou de pequenos grupos e dentro de uma estrutura no mínimo humana.

Alguns dirão que é possível sim promover aprendizagem significativa através de jogos e brincadeiras mesmo num espaço que não é lá o ideal. Claro, concordo que é possível aja vista ter percebido o desdobramento dos professores a fim da promoção de um espaço lúdico e atrativo.

Tenho visto trabalhos lindos sendo realizados em pequenos espaços, mas volto a um ponto crucial que talvez não esteja sendo levando em consideração.
O ESPAÇO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALUNO DE FORMA PLENA!
Como uma criança pode ser colocada em uma sala de aula com outras 29 crianças e trancada a porta?
Ficar, por assim dizer, olhando pela janela o mundo lá fora enquanto enjaulada está…
Isso é muito cruel!

Até quando tentarão empurrar goela abaixo do professores teorias ideais que não podem ser aplicadas em espaços reais onde estrutura física é algo tido como desnecessário em muitos municípios?

Até quando estaremos expostos às críticas venenosas de quem só conhece a realidade potencialmente perfeita dos programas de televisão ou de sua escola modelo?
Ideal seria mesmo criar a estrutura antes de tentar nos fazer engolir as fórmulas mágicas, não acham?
Amigo (a) critiqueiro (a)… Vem cá fora…

  • Cá fora tem professor com sala super lotada, em espaços minúsculos e sem o mínimo de apoio para a realização de seu trabalho.
  • Cá fora há municípios onde professor não tem um auxiliar e precisa se revesar para cuidar de 20 crianças pequenas colocando em risco o bem estar delas e correndo risco de acontecer uma tragedia e acabar atrás das grandes.
  • Cá fora tem prefeito retirando auxiliar de turma com deficiente e impondo que professoras contratadas estejam em sala de aula durante o período de licença maternidade…
  • Cá fora no mundo real existem problemas inimagináveis que talvez você que sentado(a) está em sua sala confortável acredite que seja invenção minha.

E colegas amados que trabalham em condições indignas …Tenham em mente que professor não é SUPER HERÓI…
Precisamos parar de achar que somos os salvadores da pátria, que vamos por assim dizer tomar os problemas nas costas, levar tapa na cara , soco e pontapé de aluno mal educado e achar que é nossa função e que está tudo bem.
NÃO ESTÁ CERTO ACEITAR TANTA PISADA DE CALO!

O ideal da teoria não tá funcionando no real da prática… Não que as teorias não sejam boas, mas por que elas são criadas para espaços privilegiados com equipe pedagógica de apoio e com um número justo de alunos por sala.

Uma teoria ideal não é criada para que um professor aplique sozinho com 40 crianças numa sala pequena de uma escola que sequer tem um pátio e com apoio zero.
Não me venham dizer que salvarei o mundo através da educação me sacrificando e junto comigo minha família, recebendo patada de todo mundo, até de colega de trabalho que acredita que descobriu a pólvora e pode criticar meu fazer dentro de uma realidade que é só minha e ele não conhece e quem dera jamais venha a conhecer.

Se o governo não fizer sua parte, os pais não se tornarem responsáveis e os alunos não quiserem aprender , como eu simples professora que sou irei fazer do Brasil o país da Educação Nota 10?

Entendam  os colegas que o desejo de criar este post nasceu de uma inquietação que me tomou nas últimas semanas.

Não quero aqui, de forma alguma, mostrar aos meus colegas um olhar pessimista ou desencorajá-los a continuar persistindo. De forma nenhuma é este o meu intuito.

Talvez o que eu tenha mesmo é veleidade de que todos consigamos um dia enxergar mais que nossa pequena realidade regional e cuidemos na nossa fala no momento do tecimento de críticas venenosas aos nossos colegas e nossa classe.

Há milhares de realidades neste país… Se a sua é um conto de fadas apenas avalie que há colegas seus que fazem das tripas coração para continuar a jornada apesar do descaso, das salas lotadas, do espaço físico minúsculo e da desvalorização total por parte dos governantes e da sociedade.

Que não seja você (PROFESSOR(A)) a colocar mais carga nas suas costas e mais dor na sua existência.

Ainda faço a prece por um mundo onde quem vive de criticar aprenda a satisfação que é colaborar, a honra que é ensinar e o prazer que se pode ter em amar.

E quanto às teorias… Vamos reter o que é bom para nosso contexto social e esperar que algum dia tenhamos espaços de trabalho privilegiado, equipe de apoio qualificada e valorização da classe para que elas possam ser aplicadas e validadas.
Até lá, muitos colegas ainda não poderão validar, simplesmente por ser impossível ( no contexto social deles) fazer a aplicação.
Um último recado colega que me lê:

Persista, lute busque, faça o melhor possível, mas nãos e sinta massacrado (a) por precisar aplicar algo que em tese não funciona quando na sua realidade é o melhor que tem a fazer.

Sua realidade é só sua e na prática a teoria pode ser bem menos mágica.


Ideia Criativa®.
Artigo criado por Gi Barbosa em
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Atividades pedagógicas para Educação Infantil
Atividades e planos de aula para professores da Educação Infantil.
Classificação: 5