Em se tratando de Dia do Índio na escola os debates e embates começam logo ao amanhecer.
O que fazer no Dia do Índio nas escolas?
O que não fazer no dia do Índio nas escolas?
E voltamos com muitas opiniões encerradas sobre o assunto.
O velho ABSURDO de julgar uma abordagem do colega por uma foto na rede social que mostra apenas um registro final de um trabalho realizado por dias e dias.
Se um colega posta as fotos da turma com seus cocares, pulseiras, pinturas faciais, etc… A crítica ferrenha começa.Se mostra uma oca ou um arco e flecha então a coisa piora muito
Existem muito argumentos encerrados sobre o dia do índio e eu queria deixar o meu em aberto. me aproprio da frase de Freire “… é que para mim não há assuntos encerrados” e abro matéria para reflexão.
Críticos acalorados dizem que índio não pode ser retratado como alguém que vive nu em uma mata e pinta o corpo e o rosto
Ora, por qual motivo não pode?
Porventura os portugueses chegando á Pindorama conseguiram vestir todos os índios com seus trajes de homem civilizado, ou despi-los de toda sua cultura.
Não existem índios que vivem na mata e preservam seus costumes?
E não existem índios em todas as camadas sociais que ostentam sua cultura como na foto abaixo no Congresso Nacional?
Na minha opinião, quando se propõe uma pintura de corpo indígena com turmas de Educação Infantil não se está de modo algum transformando o índio em uma figura mitológica, até por que o índio pintado e de cocar não é um mito, como podem ver nas fotos deste post.
Os indígenas brasileiros têm orgulho de apresentar-se na sociedade com seus costumes, seus corpos pintados, seus cocares, etc…, mas parece que alguns colegas têm vergonha de mostrar o índio de corpo pintado e valorizar sua cultura.
Por qual motivo se deve barrar na escola este tipo de atividade e retratar o índio como queriam os portugueses?
Despidos de sua cultura, de sua língua e cobrindo suas “vergonhas” como fazemos por conta de nossa cultura.
E as ocas, deixaram de existir?
A organização em círculo no Parque indígena do Xingu é porventura uma miragem?
Certo é que não existem apenas índios vivendo em ocas sejam elas em que formato forem, até por que ocas não são construídas em um único formato.
De igual modo existem indígenas em todas as instâncias da sociedade, em todas as camadas sociais e em todo o território nacional e e isto não se pode nem se deve negar.
Índios com cocares, sem cocares, índios vestidos e índios nus, índios de carro, índios a pé, índios com arco e flecha e índios de mãos nuas, etc…
Os índios de hoje não são os índios de quando os portugueses chegaram aqui, com isto todos concordamos.
Mas vejamos foto recente de índios em protesto contra a usina de Belo Monte
Sem pintura e sem cocar?
Não encerremos as coisas em certo e errado, bom ou ruim. Procuremos fazer uma abordagem diferenciada com nossos alunos, não apenas no 19 de Abril Dia do Índio, mas durante todo ano.
O tema é riquíssimo:
Temos o artesanato, a política, as pinturas corporais, as lendas, os ritos, os mitos, as armas de guerra, a luta por território, etc…
Deem um pulinho no site ÍNDIO EDUCA que terá matéria para explorar a vontade.
Mas, no Dia do índio em questão (deixo claro que esta é minha opinião) o professor pode sim fazer seu cocares com as turmas, explorar padrões de pintura , fazer seus artesanatos, suas pulseiras, suas tigelas de barro, e brincar de índio, e fazer barulho, e cantar, e levar o aluno de Educação Infantil ao universo “encantado” de antes da chegada dos portugueses à Terra das Palmeiras, quando o índio era o dono da terra, quando podiam preservar sua cultura, viver na mata, andar despidos, pintar seus corpos e ser plenos de direito.
Gi Barbosa CARVALHO
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