Estamos em um daqueles meses em que o consumismo é incentivado não apenas na sociedade e na mídia, mas no meio escolar.
Ficamos de pés e mãos atadas quando percebemos que as crianças estão a espera de um brinquedo dos sonhos caro e carregado de uma ideologia burguesa.
As pesquisas comprovam que as meninas preferem bonecas loiras de olhos azuis, isso é fato comum mesmo entre crianças com traços totalmente diferentes. Acreditamos que isso seja fruto da ideia disseminada de padrão de beleza pela mídia televisiva e desenhos infantis ao longo do tempo.
O fato é que, o brinquedo em si não prejudica a criança, sim o apelo da mídia e a aceitação desse apelo pelos pais que leva as crianças a se tornarem , desde muito cedo, consumistas em potencial, não preocupadas mais com o que realmente lhe é útil, lhe dá prazer , mas com o que ele tem que o colega não pode ter.
É cada vez mais comum crianças com uma verdadeira brinquedoteca dentro de casa sem saber ao certo como brincar.
Muitos devem se perguntar , por qual motivo vêm a tona esse assunto através de meu post hoje.
Bem, sou
profunda observadora do meio escolar e não tenho visto com bons olhos a
forma como tratamos as datas comemorativas, principalmente aquelas em
que o consumismo é de certo modo exagerado como: Páscoa, Dia das Crianças, Natal…
Em uma de minhas conversas no mês de Páscoa escutei o relato de uma professora que dizia:
A aluna X, chegou até os coleguinhas na Segunda- Feira e perguntou:
_ Que ovo você ganhou ontem?
Isso com um ar de quem se sente superior pelo presente recebido e deseja expor sua superioridade de criança que pode ter.
Os colegas começaram a relatar que ganharam um ovo médio e outros que não ganharam nada. Ao que a criança respondeu:
–
Quem manda ser pobre. Pois, eu ganhei um da Moranguinho desse tamanho (
e mostrava a grandiosidade de seu presente para os colegas).
A
professora teve que fazer a intervenção direta e abrir roda de conversa
com os colegas para tratar das questões do ter e do ser, do que meu pai
tem ou não tem condições de comprar.
Essa
fala me deixou inquieta e gostaria de dividí-las com vocês hoje para que
possam em reuniões de pais e mestres alertarem aos pais sobre a
ideologia que estão passando ao tratar seus filhos como verdadeiros
príncipes e princesas. Em como estão, em nome do ter menosprezando
o ser e em como essa postura futuramente será nociva na vida de seus
filhos Mas até que ponto presentar as crianças com brinquedos ofertados na
mídia é prejudicial?
Pode um brinquedo ser prejudicial à uma criança?
Devemos presentear com livros? Roupas seriam mais úteis?
Acredito
que o grande prolema não esteja no ” o que”, mas no “como”. É a postura
daquele que presenteia e a forma como transmite isso para a criança que
relamente importa.
De acordo com CUNHA 1992:
Os brinquedos são convites para a interação; portanto, devem merecer
nossa atenção especial. Eles podem seduzir, disseminar ideologias,
introduzir bons ou maus hábitos e desenvolver habilidades. Certamente os
brinquedos também podem ser ótimos recursos pedagógicos CUNHA (1992)
É , portanto, essencial que o adulto tenha em vista não apenas o brinquedo que será oferecido, mas a ideologia presente nele e em como vem tratando a questão com a criança, não apenas no mês de Outubro, mas em sua caminhada infantil.
É necessário também compreender qual tipo de brinquedo é adequado para cada fase da vida da criança e como ele pode auxiliar em seu desenvolvimento físico e motor.
No site Guia do bebê encontramos excelentes indicações que podem ser lidas e auxiliarão os pais no momento da escolha do brinquedo para seu filho de acordo com a faixa etária.
Escolha o melhor brinquedo tendo em vista mais do que a ideologia e os padrões impostos pela elite e mídia televisiva. Invista no desenvolvimento pleno de seu filho ou aluno.