Professores ou Generais? Questão de Opinião…

Autoridade não se impõe pela força, autoridade se
conquista pela competência.
 Gi Barbosa
Professores ou Generais? Questão de Opinião...

Quando eu era criança  o método de ensino era pura decoreba e eu era boa em decorar , eu poderia ser chamada a rainha da decoreba…  Eu decorava cada vírgula, cada ponto, cada questão e tirava belas notas. Mas como explicar o fato de eu não decorar a tabuada e sair de mãos inchadas toda “santa ” Quarta  Feira se eu decorava folhas e folhas dos chamados APONTAMENTOS E QUESTIONÁRIO?
Eu só consegui entender o bloqueio depois que estava em sala de aula e após passar 11 anos odiando matemática  e passando “arrastada”…
A professora perguntava pra mim quanto é 2×8 e eu travava … Ela perguntava para meu colega mais velho e mais forte ( ELA SEMPRE FAZIA ISSO COMIGO, SEMPRE) e lá ia eu levar bolo e engolir o choro … Eu tinha 9 anos,  24 kg e ela fazia um moço de 16 anos forte e robusto me bater com a palmatória… Era uma experiência semanal tenebrosa que eu sendo a mais pobre da escola, a mais desprezada, a sem pai, a que precisava de esmola da comunidade tinha que engolir.
O dano que ela me causou psicologicamente em 4 anos em que foi minha professora foram terríveis. E o mais incrivel é que eu a amava profundamente …
Eu sempre ia feliz para a escola, sempre esperava a correção de minhas atividades morrendo de alegria por receber o meu 10.Eu sempre amei meu 10(rsrs).Eu sempre amei a professora que escrevia um 10.
Mas, ela não foi a melhor das professoras, ela jogava giz sempre que alguém conversava e um belo dia ela me meteu a mão nas costas … Fiquei com 5 dedos marcados.. Agora pq?
Pq eu pedi pra fazer a ponta do lápis no cantinho da sala e ela esqueceu que me deixou ir fazer a ponta do lápis no cantinho.
Eu só não queria sujar o chão!
Eu achei realmente que não choraria quando iniciei esse texto, mas choro… Choro não por me sentir inferior, choro pq compreendo que ainda há muitos professores generais por esse país, apesar de 20 anos terem se passado.
Sabe que nessa tarde de domingo eu parei pra analisar e fiquei me  perguntando onde está o bom senso de alguns professores que insistem em utilizar metodologias que está mais que comprovado … não funcionam com 99% dos alunos… São atitudes que precisam ser repensadas e ideias que precisam ser reelaboradas…
Não estou aqui dizendo que se deve abandonar tudo e que agora só as metodologias dessa década que são viáveis, mas há formas de ensinar que realmente não funcionam …
Há professores que ainda querem fazer de sua sala de aula um quartel General, mas autoridade não se impõe pela força… Autoridade se conquista pela competência …
Quando me formei, meu vizinho um Senhor de  seus 60 anos me ensinou matemática sentado na calçada da casa dele em sua linguagem simples de lavrador … Ele era pai da minha antiga professora e vejam só era analfabeto.
Mas hoje crescida pude constatar que ele era bem melhor professor que ela , mesmo sem nenhuma formação e não sabendo fazer um O com um copo…
Em apenas 30 minutos ele me ensinou o que ela passou 4 anos sem fazer …
Aprendi as 4 operações necessárias para fazer a Cubagem de Terra em apenas 30 minutos …
Em 30 minutos o mundo se abriu e aprendi a gostar de matemática …
Não é apenas o método que conta, nem o espaço físico, nem a qualidade do material… É a dedicação do professor que conta e na dedicação de professor está mesclar o novo com o antigo, respeitar o aluno e apreciar o trabalho de seus colegas.
Se deu certo na sala dele pode dar na minha…
A questão é… Estou disposta a experimentar, ou não me importo em ser apenas mais um “professor medíocre nesse Brasil?
PENSE NISSO!
Se você achou um absurdo o tratamento que minha professora costumava me dar ( e eu a amo reconhecendo sua deficiência e reconheco o pouco que decorei ao lado dela) olhe ao seu redor.
Tortura não é apenas a tabuada e palmatória, tortura psicológica dói, desprezo dói, indiferença dói…
Amo meus colegas, mas gostaria de não ter que chamar alguns de professores, pois sei que nunca foram dignos desse nome.

Gi Barbosa Carvalho