Bom Dia Caríssimos Colegas que hoje lutam … Essa é mais uma matéria da Série Questão de Opinião …
Como destaque … Uma Peste Chamada Desunião ou se queiram Uma Peste Chamada Alienação
É dia da escola e é também dia de lutar , pois quando lutamos não é apenas a favor de nossos próprios salários, quando lutamos é por uma escola melhor…
Se não lutamos, acomodados de tudo, enfrentando uma jornada dupla de trabalho para sobreviver, deixando nosso lar e nossa vida pessoal aos encargos de terceiros não estamos vivendo plenamente, estamos vegetando, estamos apenas como ponteiros de relógio fazendo sempre o mesmo percurso para chegar ao ponto de partida em um ciclo monótono e sem fim.
Essa jornada dupla nos impede (ainda que muitos digam que não) de desenvolver com maestria e desvelo, pleno de nossas capacidades , nossa prática docente e assim vamos fazendo malabarismo para tentar chegar a lugar nenhum, pois o que nos impõe o sistema é algo desumano e covarde.
Essas condições impostas pelo sistema nos impede de conhecer nossos alunos, a realidade em que vivem para assim podermos praticar uma educação propedêutica; desse modo passamos a ser apenas máquinas do sistema empurrando nossos alunos ao precipício da vida que lá adiante cobrará dele aquilo que não tivemos condições de desenvolver por conta dessas mesmas condições impostas de forma arbitrária e desumana em que um professor precisa de jornada dupla para equilibrar o orçamento doméstico .
O que me enoja no sistema(é essa a palavra, exatamente essa) … O que me enoja no sistema é essa mania de burrinhos com viseira , de faremos tudo que seu mestre mandar, de nos isentarmos de nossa responsabilidade jogando no outro a culpa por nossos fracassos. Quando falo sistema não estou falando apenas do governo caros colegas. Estou falando dos sindicatos que orientam professores a não aderirem à greve, estou falando de professores que se acovardam e deixam de lutar junto com seus solegas, estou falando de família e sociedade que culpam o professor por tudo e os considera vagabundos do sistema pelo simples fato de estarem reinvidicando seus direitos.
O sistema não é apenas o governo, o sistema é o povo!
Esse sistema coloca nas prefeituras políticos incapacitados, corruptos e elitistas que pouco se importam com a escola pública brasileira, e no meio desse povo estão os professores que prometem votos de toda sua família aos políticos em troca de um posto perto de sua casa ou uma gratificação em seu contra cheque. Individualistas, covardes e igualmente corruptos …
Nunca souberam o que é política e o que é coletividade, deveriam estar em outra profissão onde lhes coubesse a alienação e a indescência.
Deixam seus colegas gritarem sozinhos(um grito abafado) que mal chega a ser ouvido e termina em que mesmo? Acréscimo de 20 reais para merenda da semana?Um absurdo!
Me envergonha ter em minha classe professores que não compreendem que “a educação é uma forma de intervenção no mundo”, pois Freire deixa claro em Pedagogia da Autonomia que:
“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo”
Mas como podemos intervir se como burrinhos de viseira olhamos para onde querem que olhemos e vamos dando o velho jeitinho brasileiro… ” Se não tem melhores salários faço jornada dupla”. Não estou aqui crucificando quem faz jornada dupla, pois é necessário diante das condições atuais que nos foram impostas. Mas , eu pergunto caros colegas que fazem jornada dupla e certamente é necessário as vezes fazer 3 turnos para conseguir se equilibrar…
E a sua vida? O seu lazer? A sua família?
Cada um luta a seu modo e fico feliz em ter colegas que encontram seu modo de sobreviver uma vez que uma turma de alienados sociais puxa a categoria para o buraco onde estão, ( buraco fétido, imundo, escuro) … Esses estão como os homens descritos por Platão no Mito da Caverna. Não são capazes de ver além do que lhe é mostrado pelo sistema e chamam loucos os que procuram fazer com que enxerguem.
Muitos “professores” optaram por não entrar em greve o que me faz crer (desculpem a colocação azeda) que professores não são, afinal:
Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê. Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa. Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza. Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa mas não desiste. Boniteza que se esvai de minha prática se, cheio de mim mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de me admirar.Paulo Freire
É verdade caros colegas, acordei indignada, é meu legado deixado por Freire que por sinal morreu sem ver a marcha unida dos professores lutando por dignidade apenas.
Muitos em nosso meio tem feito o oposto do que Freire fala nesse trecho de seu livro:
” …Assim como não posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os conteúdos de minha disciplina não posso, por outro lado, reduzir minha prática docente ao puro ensino daqueles conteúdos. Esse é um momento apenas de minha atividade pedagógica. Tão importante quanto ele, o ensino dos conteúdos, é o meu testemunho ético ao ensiná-los. É a decência com que o faço. É preparação científica revelada sem arrogância, pelo contrário, com humildade. É o respeito jamais negado ao educando, a seu saber de “experiência feito” que busco superar com ele. Tão importante quanto o ensino dos conteúdos é minha coerência na classe. A coerência entre o que digo, o que escrevo e o que faço. “
Muitos estão em sala de aula arrotando conhecimento, falando de senso crítico, de liberdade , de luta , de coletividade e olha como vivem… Escravos do sistema… Escravos, puramente, escravos do sistema… Vivem de forma incoerente, falam muito e não vivem nada!
“É importante que os alunos percebam o esforço que faz o professor ou a professora procurando sua coerência. É preciso também que este esforço seja de quando em vez discutido na classe. Há situações em que a conduta da professora pode parecer aos alunos contraditória.” Paulo Freire
Estão ainda na caverna… Vendo sombras e vegetando.