O aluno portador da Síndrome de Down pode aprender a ler e a escrever

Maria de Fátima dos Santos
Graduada em Pedagogia com Ênfase em Ensino Religioso pela PUC Minas

O aluno portador da Síndrome de Down pode aprender a ler e a escrever

Resumo
O presente artigo tem como objetivo apresentar um estudo
de caso realizado em uma escola da rede municipal de
Belo Horizonte, com uma aluna portadora de Síndrome
de Down na 1ª etapa do 1o ciclo do ensino fundamental.

       Isabela1 é portadora de Síndrome de Down, ingressou na escola pública com cinco anos de idade, no ano de 2006. Em 2007, com seis anos, estava matriculada na primeira etapa do primeiro ciclo do ensino fundamental.
           Ao iniciar o ano letivo do ensino fundamental, Isabela começou a enfrentar novos desafios, pois se tratava de nova escola, nova professora, novos coleguinhas e um novo ambiente.
Ainda no primeiro bimestre daquele ano, a supervisora da escola já tinha conhecimento, a partir de conversas informais com a professora de Isabela, da dificuldade de adaptação que ela tinha, uma vez que era muito dispersa, agitada, agressiva, desatenta e não interagia com os colegas nem com
a professora. Isabela conseguia dispersar e distrair todos os alunos ao mesmo tempo, pois para eles tudo era muito novo também, uma vez que eles nunca tiveram um colega de classe portador de necessidade especial.
        Quando ficava fora da sala de aula, já ficava mais tranqüila, mas mesmo assim mudava toda a rotina da escola.
Inicialmente, a supervisora analisou a ficha de Isabela e chamou a mãe da aluna para indicar que procurasse outros profissionais para se ter um diagnóstico mais preciso. A supervisora recomendou um fisioterapeuta, um neurologista, um cardiologista, um psicólogo, um terapeuta ocupacional, um
fonoaudiólogo, mesmo porque portadores de Síndrome de Down precisam desse acompanhamento
desde bebê e Isabela, já com seis anos de idade, só tinha o acompanhamento
escolar.
        Portadores de Síndrome de Down precisam de um acompanhamento muldisciplinar, pois essa síndrome afeta vários sistemas do corpo, por isso era de suma relevância que Isabela tivesse outros acompanhamentos,  além do escolar. Então a mãe de Isabela procurou esses outros profissionais e o diagnóstico foi que aluna precisaria de acompanhamentos diários de fisioterapia, psicologia e fonoaudiologia, e que os demais poderiam ser trimestralmente.
      Segundo o especialista Caio Henrique
([email protected] 26/06/2008, 23h06min),

A Síndrome de Down é uma moléstia que pode afetar boa parte dos sistemas do corpo:
nervoso, cardiocirculatório, endócrino, gastrintestinal, visão, audição, entre outros.
Entretanto, a gravidade do dano varia de caso para caso, portanto nem todos os
indivíduos afetados apresentam quadros clínicos similares.
Algumas características físicas, no entanto, são comuns a quase todos: o formato
da fendas palpebrais (inclinadas no sentido superior), crânio curto no sentido anteroposterior, orelhas pequenas e malformadas, boca entreaberta com protusão de língua, perímetro cefálico discretamente reduzido, pele seca e descamante, baixa  estatura e alterações nos dedos das mãos e dos pés, mesmo que em proporções diferentes.
No que se refere à deficiência mental, embora sempre presente, varia bastante quanto
ao grau de características físicas e ao grau de deficiência mental de cada paciente.

         A partir de então, a supervisora da escola sentiu a necessidade de criar um projeto voltado para a educação especial, pois era preciso educar os profissionais, os alunos e os funcionários da escola para uma nova realidade, uma vez que ninguém sabia como proceder com Isabela. Diante disso, a supervisora procurou informar todas as pessoas da escola, abrindo discussões, trazendo-lhes
artigos e textos sobre a referida síndrome.
        Todos os professores, funcionários e alunos foram envolvidos no projeto, em todas as salas de aula se discutia a Síndrome de Down, os alunos faziam trabalhos sobre o tema e apresentavam para toda a escola. A supervisora observou que, antes, era preciso afinar os adultos para que Isabela entendesse aquele novo ambiente.
        A supervisora, diante do diagnóstico de Isabela e do projeto desenvolvido na escola, procurou uma outra ajuda, entrou em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte, solicitando uma estagiária para a aluna, mesmo porque alunos portadores de necessidades especiais têm direito a esse benefício.
          E, para ficar na sala de aula, Isabela precisava desse acompanhamento, pois seu comportamento dentro da sala prejudicava o andamento das aulas.
         Quando a estagiária, estudante de pedagogia chegou à escola, a supervisora apresentou-lhe a aluna, informou-lhe detalhadamente o comportamento de Isabela  e acrescentou que agora ela estava bem
mais tranqüila depois de iniciar outros acompanhamentos. Juntamente com os demais profissionais
e todo o corpo docente da escola, a supervisora sugeriu que a professora orientasse a estagiária para trabalhar primeiro com atividades concretas e só posteriormente começaria com atividades abstratas. Por isso a professora e a estagiária de Isabela buscaram novas metodologias de ensino para atender
às dificuldades de Isabela, pois se tratava de uma criança especial, então as metodologias também teriam que ser especiais.
        No segundo semestre de 2007, o avanço de Isabela era visivelmente notável: ela já conseguia ficar na sala e desenvolver as atividades, reconhecia quase todo o alfabeto e os numerais de 0 a 9, reconhecia seu primeiro  nome e sua interação com a turma era de impressionar. Os estímulos que Isabela recebia com os demais profissionais estavam sendo de grande valia para o seu cotidiano
escolar.
Segundo Caio Henrique ([email protected]/06/2008, 23h06min),

embora não haja cura para a Síndrome de Down (é uma anomalia das próprias células,
não existindo drogas, vacinas, remédios, escolas ou técnicas milagrosas para curála), nas últimas décadas as estatísticas têm demonstrado notáveis progressos: aumento de 20 pontos percentuais no QI (quociente de inteligência). Essa melhora na sobrevida e na qualidade de vida foi possível graças
ao avanço dos diagnósticos e tratamentos. Sabendo-se quais são as enfermidades às quais esses indivíduos estão propensos, podemos desenvolver um trabalho preventivo, evitando, se possível, outra enfermidade e tratando-a precocemente quando necessário.
Com os portadores de Síndrome de Down deverão ser desenvolvidos programas de estimulação
precoce que propiciem seu desenvolvimento motor e intelectual, iniciando-se com 15 dias após o nascimento.

         No início de 2008, Isabela continuava com os outros acompanhamentos e tratamentos necessários e a mãe já conseguia perceber a importância desses acompanhamentos, já que Isabela se comunicava mais com ela e com os irmãos. Ela estava dócil e carinhosa e as brigas em casa quase não existiam
mais. Por isso é preciso que crianças portadoras de Síndrome de Down comecem a ser
estimuladas ainda bebês.
        Atualmente, após desafios e descobertas, Isabela vem apresentando uma grande melhora no que diz respeito à interação com as pessoas e ao processo ensinoaprendizagem.
Existe uma grande expectativa por parte da escola em relação ao desenvolvimento de
       Isabela, uma vez que ela já consegue copiar seu nome, escrever seu nome sem a ficha,
algumas letras do alfabeto e também alguns numerais, já consegue escrever as palavras
“mamãe”, “papai” e “neném” sem fazer cópia e a atividade que ela mais gosta é ditado soletrado,
pois consegue acertar muitas letras e, algumas vezes, até palavras.
Após essa experiência, é possível constatar as possibilidades de uma criança portadora
de Síndrome de Down. Recebendo os estímulos necessários para o seu desenvolvimento,
ela consegue ler e escrever.

Referências:

Enciclopédia Britannica do Brasil.
Enciclopédia Concise digital.
http://www.coladaweb.com/
http://www.biomania.com.br/
http://www.fsdown.com.br/