Educação Infantil e cultura escrita – AULA 1
Quando falamos de linguagem oral percebemos que esta vai se desenvolvendo
naturalmente.
De forma espontânea a criança adquire competências e habilidades
para utilizar a fala como recurso em suas relações sociais e este uso vai sendo
aprimorado também naturalmente quando exposta ao convívio com seus pares.
De acordo com o RCNEI:
É na interação social que as crianças são inseridas na linguagem, partilhando significados e sendo
significadas pelo outro. Cada língua carrega, em sua estrutura, um jeito próprio de ver e compreender
o mundo, o qual se relaciona a características de culturas e grupos sociais singulares. Ao aprender a
língua materna, a criança toma contato com esses conteúdos e concepções, construindo um sentido de
pertinência social. (RCNEI, 1998,pg, 24)
Já aquisição da escrita não se dá de forma tão espontânea, pois se trata de uma
construção mais complexa, de um processo de caminhada do concreto para o
abstrato.
Vamos passear um pouco por outras épocas e perceber como a humanidade
realizou esta construção chamada “A história da escrita”?
Desde os primórdios da civilização, o homem procura comunicar-se através de
representações.
Os homens primitivos, por exemplo, gravavam imagens nas
paredes das caverna. Estas representações ficaram conhecidas como: Arte
Rupestre.
Apesar das controvérsias nas interpretações
desta arte pensa-se que estas gravuras e pinturas
representem através de uma espécie de
linguagem visual, conceitos, símbolos, valores e
crenças dos povos pré-históricos.
Conforme a humanidade foi evoluindo, nasceu a necessidade de realizar registros
mais complexos – não apenas de seu cotidiano, seus rituais e costumes de caças ,
mas de suas transações comerciais, acordos, contas, etc.
E para fazê-lo foi
necessário criar sistemas representativos e aprimorá-los com o passar do tempo.
E deste modo a humanidade começou sua caminhada na construção da cultura
escrita.
Impossível falar de escrita sem citar a antiga Mesopotâmia (atual Iraque) e os primeiros traços de
escrita encontrados numa pequena tábua de argila em Uruk. Esta tábua, menor do que a palma
de uma mão humana, trazia uma escrita triangular e cuneiforme, e segundo estudos
arqueológicos datava de 3300 A.C. e 3200 A.C , período em que a região era habitada pelos
sumérios.
Muitas outras tábuas foram encontradas na mesma
região e serviram como material de estudo sobre a
história da escrita.
Contudo, é importante frisar que:
As tábuas de Uruk, entretanto, não são os únicos documentos arcaicos de
período.
Tábuas semelhantes foram encontradas ao Norte da Babilônia, em
Jemdet Nasr, e algumas outras tábuas têm origem nos sites de Khafaji and Tell
Uqair, também ao Norte da Babilônia.
Apesar de serem em menor número, o
estudo destas tábuas revela dados vantajosos para nossas pesquisas.
Enquanto
que as tábuas de Uruk, encontradas em depósitos de rejeitos onde tinham sido
jogadas fora depois de perderem sua utilidade, encontravam-se, via de regra,
em estado bastante fragmentário, as tábuas de outros sites estão em geral
completamente preservadas, portanto capazes de nos fornecer informações
originais mais completas no site ANGELFIRE
Outros sistemas de escrita desenvolvidos também foram encontrados no Egito, na China e na
Índia e foi à escrita que possibilitou às antigas civilizações um maior desenvolvimento uma vez
que com ela era possível registrar códigos, leis, descobertas científicas, etc…
A escrita na época antiga era um “item” de valor incalculável uma vez que tinha a função de difundir
ideias e auxiliar o homem em seu processo de comunicação bem como para o progresso nas atividades
comerciais.
Para se ter ideia deste valor , basta citar a escola em Nipur ( Suméria) onde as crianças mais abastadas
aprendiam a escrita cuneiforme através de um sistema de ensino que envolvia escrita, leitura e
memorização .
O intuito dos pais destas crianças era que seus filhos se tornassem escribas, ocupando assim um espaço
de destaque na sociedade.
Estas crianças aprendiam desde a fabricação da tábua ( amassando a argila) até o processo de
“gravação” dos símbolos que podiam ser feitos com metal, osso, gravetos, etc.
Os escribas eram igualmente importante em outras civilizações.
No Egito, por exemplo, eram eles que
registravam as cobranças de impostos, copiavam os textos sagrados e escreviam sobre a vida do Faraó
(estando portanto ao lado do monarca considerado também um deus).
Os escribas
Egípcios, diferente dos sumérios, escreviam no papiro fazendo uso de hieróglifos
(sinais da escrita de antigas civilizações, tais como os egípcios, os hititas, e os maias).
Hieróglifo é um termo originário de duas palavras gregas: ἱερός (hierós)
“sagrado”, e γλύφειν (glýphein) “escrita”. Apenas os sacerdotes, membros da
realeza, altos cargos, e escribas conheciam a arte de ler e escrever esses sinais
“sagrados”.
Parece mesmo que a escrita não perde valor com o passar dos séculos.
Ela apenas
segue sendo aprimorada e adaptada para cada época.
Nossas crianças, por exemplo, estão imersas em um mundo onde a capacidade de ler
e escrever ocupa igualmente papel de destaque, deixando à margem quem não a
adquire
A escrita foi sofrendo modificações até chegar ao que conhecemos hoje, e para
aprofundar conhecimentos te convido a ler o texto “A Evolução da Escrita: do Pictograma ao Texto Digital.” parte do módulo Material Impresso do portal do MEC.
Você terá informações sobre:
• Escrita Pictográfica
• Escrita Ideográfica
• Escrita Fonética
• Escrita Alfabética
Bem como sobre os materiais utilizados para estas escritas.
Pense um pouco sobre a utilização da escrita na atualidade em turmas de Educação
Infantil e deixe seu comentário abaixo.
Para refletir deixamos o texto “O processo de aquisição da escrita na Educação Infantil”
Conclusão:
Como podemos ler no manual de tipografia:
Antes da invenção da escrita, ninguém podia falar diretamente com qualquer pessoa que não
vivesse no mesmo tempo. Para que as ideias, os conceitos e as práticas pudessem ter influência
duradoura, tinham que ser reafirmados a cada geração e não havia como evitar que fossem
influenciados ou alterados por interpretação pessoal, imprecisões, embelezamentos e lapsos de
memória. Em vista disso, a precisão da informação não escrita transmitida através do tempo era
limitada
A palavra escrita é de fato um legado para a humanidade e uma construção
incrivelmente importante.
Claro que não se pode dizer que a palavra escrita não possa
sofrer interpretações pessoais e imprecisas, contudo poder expressar o que se pensa e
o que se fala através de símbolos, sinais ou código de escrita para as futuras gerações
é de uma riqueza que não pode ser medida.
• A Evolução da Escrita: do Pictograma ao Texto Digital. Disponível em:
http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/impresso/imp_basico/e1_assuntos_a1.html
• BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Departamento de Política da Educação Fundamental. Coordenação Geral da Educação Infantil.
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, vol. 2.Brasília: MEC/SEF/DPE/COEDI, 1998.
• Breve histórico de como começou a escrita .Disponível em
http://www.angelfire.com/me/babiloniabrasil/protocuneif.html
• Documentário “A História da Palavra” – The Written Word – Multirio – Março de 2010
• História da Tipografia. Disponível em:
http://www.carlosrighi.com.br/177/TIPOGRAFIA%2020102/Textos/01A%20Hist%C3%B3ria%20da%
20Tipografia.pdf .