Como acabar com a indisciplina em Sala de Aula

Dicas para acabar com a indisciplina em Sala de Aula- Projeto de Intervenção

Neste Projeto você encontra algumas ações que podem ser úteis para lidar com a indisciplina na escola ,bem como uma breve fundamentação teórica do tema com apoio nos autores La Tayle, Vasconcellos e Rego.

A justificativa tem apoio na grande incidência do tema em projetos apresentados em mostra de estágio devido ao apontamento dos professores sobre a dificuldade de lidar com a Indisciplina em sala de aula e na hora do recreio. Ela bem como os objetivos devem ser reavaliados e redefinidos caso sua escola deseje aplicá-lo.

PROJETO DE INTERVENÇÃO INDISCIPLINA ESCOLAR
Desafios, causas e ações

Introdução:

Na atual conjuntura a indisciplina é um dos fatores que mais que dificulta o desenvolvimento das atividades pedagógicas no âmbito escolar. As causas são diversas e neste sentido a família e a escola estão em constante embate atribuindo uma à outra a responsabilidade pela exposição de regras para a crianças, regras estas que na maioria dos casos chegam até eles como forma de imposição, não levando a uma reflexão uma vez que ele não participou do processo de elaboração das mesmas.
Com objetivo de mediar este embate e sensibilizar escola, família e comunidade para a responsabilidade de cada um no papel de educador estamos propondo o seguinte plano de ação. Plano este que traz em seu bojo um estudo sobre a Indisciplina no âmbito escolar e suas possíveis causas, bem como propõe ações para amenizar o problema.

Justificativa:

Frente aos projetos desenvolvidos na mostra de estágio e a incidência do tema indisciplina em 80% dos casos percebeu-se que este é um fator preocupante para as escolas do município de (xxx) no estado da Bahia. Mas esta não é apenas uma realidade de um município e sim um problema geral que requer enfrentamento dentro das escolas de nosso país.
São apontadas pelos professores e gestores diversas causas para a indisciplina, considerada a maior delas a ausência de regras e limites dos alunos no presente momento, contudo há outros fatores a serem considerados, entre um deles a ineficiência do professor no planejamento de suas aulas. Visto que muitos conservam uma postura inadequada frente ao aluno impondo-lhes um modelo de ensino ultrapassado e mecânico, bem como ferindo sua autonomia e pouco auxiliando em sua formação crítica.
É preciso, diante deste quadro lançar mão de instrumentos investigativos para uma melhor compreensão do quadro indisciplinar nas escolas do município.
Este Projeto de Intervenção visa não apenas apontar possíveis causas da indisciplina na escola, mas criar estratégias de ações continuadas em busca de soluções para o problema, bem como estimular o trabalho coletivo em parceria com a comunidade e órgãos competentes.

Fundamentação Teórica

A indisciplina representa um problema a ser pensado sob a perspectiva da gestão escolar, pois se configura como um complicador ao exercício do trabalho pedagógico. É preciso lançar um olhar diferenciado sobre o problema para que se consiga descobrir em quais momentos ela é mais acentuada e quais fatores sociais, pedagógicos e psicológicos contribuem para que ela aconteça.
Um dos fatores apontados pelos educadores como agravante do processo de indisciplina no âmbito escolar é a ausência de regras ou a indisposição dos alunos para obedecê-las. A ineficiência da família em cumprir sua função educadora é outro fator, uma vez que cada dia mais os pais ausentam-se dos lares e tomam espaço no mercado de trabalho delegando à escola e aos professores à responsabilidade pela educação integral de seus filhos.

Para LA TAILLE (1996)

[…] crianças precisam sim aderir a regras e estas somente podem vir de seus educadores, pais ou professores. Os ‘limites’ implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido negativo: oque não poderia ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de algum espaço social – a família, a escola, e a sociedade como um todo.
Partindo deste pressuposto é preciso que a escola e a família possam trabalhar juntas para que a criança possa compreender as regras, não como instrumento de castração, mas como condição necessária ao convívio social.
Outro fator apontado por (LA TAYLLE, 1996; AQUINO, 1996; REGO, 1996; ARAÚJO, 1996) como causador de indisciplina é a perda de autoridade do professor tanto no que se refere ao conhecimento, quanto à postura em sala de aula. É comum observar que nas salas em que o professor esta motivado e utiliza uma metodologia que desafia o aluno estimulando-o para a produção de seu próprio conhecimento a indisciplina é pouco recorrente.

Para REGO (1996, p.100):

“o comportamento indisciplinado esta diretamente relacionado a ineficiência da pratica pedagógica desenvolvida: metodologias que subestimam a capacidade dos alunos, constantes ameaças visando o silencio da turma.”
É também fato constatado que na atual conjuntura o aluno não aceita mais o modelo de educação retrograda e ultrapassado onde ele é um ser passivo e precisa desenvolver atividades de forma mecânica. Visto neste modelo mecanicista ele se rebele e reage de maneira pouco amistosa desafiando o professor visto aqui como alguém que deseja impor sua força, seu poder, sua autoridade. Contudo não se pode apontar apenas este fator como causador da indisciplina crescente, pois é sabido que o meio social em que a criança está inserida também contribui para seu desajustamento. A mídia, os modelos estereotipados e a negligência familiar causam um dano enorme ao espaço escolar uma vez que a criança chega sem limites e é preciso que o professor e equipe pedagógica envolvam esforços para ensiná-las princípios que deveriam ser ensinados em casa por seus familiares.

Para LA TAYLE(1996):

“a indisciplina em sala de aula não se deve essencialmente as falhas da pedagogia, pois esta em jogo o lugar que a escola ocupa hoje na sociedade, o lugar que a criança e o jovem ocupam, o lugar que a moral ocupa”.
Visto por este lado o fator indisciplina tem uma raiz bem mais profunda que o simples fato de o professor não desenvolver suas aulas de forma mais envolvente, ela está no meio, na sociedade e na inversão de valores morais.
Vasconcellos (1997) em seu livro “Os desafios da Indisciplina em Sala de Aula”, lança um olhar sobre este tema mostrando sua complexidade e evidenciando a necessidade de enfrentamento conjunto entre as diversas áreas do conhecimento, como a Sociologia, Antropologia, Psicanálise, Ética, Política, Psicologia, Economia, História, Tecnologia, Comunicação Social. Outro ponto colocado no livro é a sensação de não poder dos educadores descrita abaixo
A sensação de não-poder talvez seja hoje um dos maiores obstáculos epistemológicos a serem enfrentados. É impressionante como o professor acabou assimilando a ideia de que não tem forças, de que não pode, de que a solução dos problemas está fora dele.
Muitas vezes, sente-se desgastado, destruído, traído, usado, acusado,desprezado, humilhado, explorado. Neste contexto, colocar a “culpa” fora dele pode ser a saída inconsciente de autoproteção, não por ser relapso, mas sim porque no fundo acha que não pode, não tem força para mudar. Quando questionado sobre os problemas, vai logo apontando: “É a família”, “É o sistema”. Ao fazer isto, esvazia sua competência profissional e existencial; perde o senso crítico, pois não consegue se situar diante do real; perde a autoridade, já que não é responsável por nada. Está marcado pelo impossível, pelo não-poder. Freqüentemente, o colocado por ele como condição para iniciar a caminhada é justamente o resultado de um processo de lutas e conquistas.
É necessário, portanto abordar o tema considerando sua complexidade e os obstáculos que se agigantam no meio do caminho, contudo assumindo cada um sua responsabilidade e comprometendo-se em observar o espaço escolar continuamente, fazer investigações para que a realidade uma vez percebida de diversas formas possa ser mudada. Neste processo faz se necessário trabalhar a relação professor-aluno estreitando laços, e criando junto com os educandos as regras de convivência do espaço escolar para que se sintam parte de uma organização, de um sistema, de uma instituição.
É preciso que continuamente o professor possa empregar metodologias adequadas e orientar práticas pedagógicas que contribuam para a manutenção de um ambiente escolar disciplinado, contudo sem ferir a autonomia do aluno, mas oportunizando sua formação crítica dentro de um espaço escolar que possibilite seu crescimento.


Objetivo Geral

Promover uma mudança de olhar em relação à indisciplina, no âmbito escolar e suas possíveis causas, bem como propor ações para amenizar o problema estudando conceitos de desenvolvimento moral e ético e adotando-os como conhecimento necessário ao processo educacional.

Indisciplina em Sala de Aula Projeto de Intervenção
Objetivos específicos:

Estimular a equipe pedagógica a refletir sobre a própria postura;
Promover palestras de sensibilização de escola, pais e comunidade local;
Organizar grupos de estudo para estudar os problemas de indisciplina e descobrir os fatores que contribuem para o aumento dela;
Verificar qual a metodologia de trabalho utilizada para lidar com os problemas de indisciplina na sala de aula;
Estimular a coletividade, autonomia e habilidades de cada aluno, utilizando os materiais disponíveis no recreio dirigido;
Trabalhar regras de convivência nos momentos dos jogos de recreação;
Contribuir para que a escola se torne um espaço prazeroso de se conviver
Melhorar o relacionamento e o convívio entre os alunos.

Ações:

Ação 1:

Organizar grupos de estudo na escola para pensar e repensar as questões da indisciplina, bullyng e violência na escola a fim de estarem continuamente engajados na luta contra o problema.
Os grupos terão encontros periódicos e serão formados pelos professores pais de alunos e representantes da comunidade e contará com palestras de especialistas sobre o assunto, vídeo aulas, leitura compartilhada de textos e projetos que deram certo em outras instituições e estudo dos pontos abaixo:
A indisciplina escolar é um sintoma de que algo não vai bem. Se há conflitos, a falha está na relação e não nas pessoas.
O comportamento indisciplinado é algo a ser alterado, mas isso só vai acontecer se as responsabilidades forem divididas entre todos.

Ação 2:

Fazer registro de sala de aula e espaço escolar através de vídeo a fim de perceber qual o foco da indisciplina em cada sala bem como nos momentos de recreação e deste modo trabalhar em cima dos pontos corretos visando um melhor resultado.

Ação 3:

Buscar parceria com Conselho Tutelar, agentes comunitários, psicólogos e assistentes sociais a fim de sensibilizar as famílias e comunidade local para os prejuízos causados pela indisciplina no espaço escolar. Procurando através de palestras, jogos, gincanas e outros eventos aproximá-los mais da escola para que compreendam como funciona o ambiente, suas complexidades e a necessidade de estarem engajados na luta contra o Bullyng a violência e a indisciplina.

Ação 4.

Elaborar e aplicar o Projeto Recreio Dirigido contando com a participação e organização da coordenação, professores e alunos, a fim de tornar o espaço tempo mais ordenado nos maiores momentos de conflitos. Tem-se como meta de igual modo através desta ação estimular a coletividade, autonomia e habilidades de cada aluno nos momentos dos jogos e brincadeiras que serão promovidos.

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES (estratégias da proposta):

Avaliação:

Por meio de questionários, pedir aos alunos, funcionários e pais que analisem os avanços no processo.

Referências:

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: apresentação do temas transversais ética. Brasília: Secretaria de Educação Fundamental, MEC/SEF, 1997.v. 8.
REGO,T.C.R.; A indisciplina do ponto de vista dos professores e dos alunos. In: Aquino, J.G (org ). Indisciplina na Escola.11 ed. São Paulo: Summus, 1996.p 87 et seq.
TAYLLE,Y.de L. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: Aquino, J.G (org ). Indisciplina na Escola.11 ed. São Paulo: Summus, 1996.p 87 et seq.
VASCONCELLOS, Celso S. Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula e na escola. 7.ed. São Paulo: Libertad, 1996.
VASCONCELLOS, Celso dos S.: Os Desafios da Indisciplina em Sala de aula. São Paulo: Fde, 1997.