Bolhas ideológicas e os debates educacionais

Bolhas ideológicas e os debates educacionais

Hoje quero trazer ao centro um tema que talvez desagrade boa parte dos meus colegas, mas precisamos tocar nele.
Vamos falar sobre as prisões em que nos colocamos; prisões de muros invisíveis.
Prisões de BOLHAS IDEOLÓGICAS.
Mas, o que chamamos de viver em uma bolha ideológica?
É quando nos sentimos confortáveis apenas com o eco de nossas ideias e começamos  a buscar somente grupos que pensam igual.
Não admitimos o pensamento do outro, não queremos sequer ouví-los e quando debatemos não mais escutamos a sua voz.
Neste sentido é impossível dialogar com quem escolheu o conforto de sua bolha, não acha?
E qual relação isso tem com educação?
Tem muito mais do que você imagina!!!
Bolhas ideológicas e os debates educacionais
Bolhas ideológicas e os debates educacionais
Ao longo do tempo nossos debates em reuniões e semanas pedagógicas já não são mais os únicos espaços onde se trata do tema EDUCAÇÃO.
Esses espaços sempre muito plurais são menos favoráveis à criação de bolhas ideológicas pois o olhar, a voz e a presença dão outro tom à conversa.
Ainda o mais calado em uma reunião pedagógica ouve o diferente e em pensamento retruca, analisa e pode por fim concordar com algum ponto.
Presencilamente temos maiores condições de ouvir e sermos ouvidos.
O problema maior se encontra nos novos espaços de debate.
AS REDES SOCIAIS e os Debates Educacionais
Os grupos nestas redes têm se tornado um ambiente onde se pode ver muito claramente a quase que total ausência de abertura ao diálogo.
Bem verdade, parecem milhares de pessoas em um monólogo coletivo
Com a polarização política e a crescente de influencers extremistas a situação tem chegado a pontos críticos.
Quase não é mais possível abrir debates sem que alguém cite o nome de um político e tenhamos o fim de algo que poderia ser produtivo.
Neste momento os ódios são despertados, a possibilidade de diálogo morre e só existe ruído.
É SÓ GRITARIA… NINGUÉM MAIS LÊ NINGUÉM!
Parece não existir mais espaço para o contraditório e todos estão de armas nas mãos dispostos a despedaçar aqueles que tomam como inimigos.
Inimigos que igualmente armados só permitem a massagem no próprio ego na concordância com seu discurso.
Não que a educação não seja política, mas ela tem se tornado muito politiqueira nos debates em rede.
Encontrar pessoas que debatem políticas educacionais fora de um viés partidário é muito difícil ultimamente, mas prossigamos…
A situação vai piorando e muito quando pais e familiares que por tantos anos pouco de preocuparam com educação passam de repente a querer impor à escola suas ideologias.
É um festival de grupos e até projetos de lei que buscam impedir a abertura de diálogo sobre determinados temas na escola.
Papais e mamães se sentem confortáveis em ditar que a escola deve abandonar o currículo e as diretrizes para acatar apenas suas voz.
Um disparate que custo entender …
Entendo que em geral quem culpa o professor de estar pregando aos alunos sua ideologia na verdade vive em uma bolha de cegueira ideológica das mais firmes.
Diz não querer ideologia nas escolas quando de fato tenta implementar a própria por odias todas as outras.
Aqui cabe uma indagação:
Quando professores e familiares vivem em suas pequenas bolhas ideológicas o que é feito da criança que fica no meio?
Uma criança que deveria estar conhecendo um mundo com diversidade de ideias e interagindo com o diferente se vê reprimida por pessoas raivosas.
Vai aprendendo assim que intolerência é um bom valor.
Entende que defender apenas suas ideias sem jamais pensar no outro grupo é o correto
Onde isso vai nos levar?
O mundo está mais chato- dizem alguns- mas os que dizem é por  não aceitarem tantas pessoas pensando tão diferente deles e podendo falar
Então, pra viverem com “menos chatos”  se recolhem ás suas próprias bolhas e de lá nunca saem.
Esses têm respostas prontas e simplistas para todos os problemas.
-É só fazer isso!
-No meu tempo se fazia aquilo e todo mundo era feliz!
– Antigamente que era bom!
Seguem acreditando cegamente nas mentiras que fizeram de verdade e buscando mais e mais pessoas que estejam encerradas na mesma bolha ideológica.
Assim parecem plenas e felizes.
Até se depararem com o diferente e mais um confronto aos berros acontecer!
Não escutam se não for um pensamento igual e quando se sentem meio que vencidos gritam os amiguinhos da bolha.
– Fulana, veja isso!
E então nós temos um grupo de pessoas imaturas, egocêntricas e raivosas acreditando estar debatendo  com maestria quando na verdade estão esvaziando o debate.
Do campo social para o campo presencial :
Uma vez fora da rede, no contato com o mundo real a gente vê o fenômeno das bolhas adentrarem as escolas.
Temos pai confrontando professor por trabalhar cultura afro , o que para ele é um ataque à sua fé.
Igualmente políticos arrancando cartazes nas escolas por entender que o tema não deve ser abordado nela.
Outros sentando-se nas salas para fiscalizar aulas e perseguir professores.
E, por fim , professores se negando a trabalhar com temas do currículo por serem contra sua ideologia.
É uma loucura ver tanta gente vivendo em confortáveis bolhas

Mas, encerremos com mais alguns parágrafos sobre bolhas ideológicas e os debates educacionais

Alguém ainda acredita que debates educacionais nas redes são inofensivos?
ENGANA-SE!
Debates educacionais nas redes inflamam a população, politiqueiros e até profissionais da área uns contra os outros.
Já não se abre diálogo produtivo e raro tem quem escute o diferente.
Temos escolas onde igualmente se esvazia os debates, não se permite o contraditório e não trata de temas importantes com seriedade.
As bolhas ideológicas são a prova de que nossa sociedade não está aberta ao diálogo, não permite pensamentos e ideias diferentes.
É uma sociedade egocêntrica que só aceita ouvir o ECO DE SUAS PRÓPRIAS IDEOLOGIAS.
Gi Carvalho