Pra não dizer que não falei de amor!
Bem, inicio esse texto assim mesmo, pelo título que é como me convêm.
Pra não dizer que não falei de amor, vou aqui postar algumas considerações a cerca de trabalhar com esse tema em sala de aula.
O conceito de amor é muito subjetivo, não é verdade?
Como explicá-lo a uma criança , senão pelo exemplo formidável de amá-las, não apenas por que delas sobrevêm nosso sustento, mas pelo simples fato de saber verdadeiramente amar?
Você deve estar curioso(a) pra saber por que cargas d”água venho eu falar de amor em um blog de atividades escolares. Bem, vamos à explicação:
Recentemente algumas pessoas tem pedido ajuda pra trabalhar com o tema amor, ao que eu replico não ter atividade escrita nesse sentido , pois acredito que o melhor modo de trabalhar amor objetivamente é em roda de conversa com os alunos.
Como forma de registro porém, indico uma atividade que realizei uma vez com minha turminha de 2º ano.
Entreguei a cada um uma folha em branco, pedi que fizessem o contorno de sua mão , colocassem ao centro seu nome e em cada dedo o nome de alguém que amava( acredite é uma excelente atividade para início de ano letivo). Eles prontamente iniciaram seu trabalho muito entusiasmados, havia mesmo quem quisesse 2 folhas pra poder escrever o nome de todo mundo, outros queriam usar os pés … Era muito amor por muita gente (rsrs).Mas um aluno se destacou quando observei sua folha.
Estava escrito exatamente como na imagem
*Os nomes são fictícios
Luís – Aluno
Carla – Mãe
Maria – Avó
Luisa – Irmã
Paulo – Colega de sala
Fiquei surpresa com uma mão incompleta e indaguei:
– Luís, porventura não há mais ninguém que você ame?
– Não! – disse ele firmemente.
– Você tem certeza, Luís?
– Deixa ver … Tem meu amigo da rua o Toninho. – E pôs-se a rabiscar o nome do amigo a fim de completar a tarefa.
Não pude deixar de notar que o pai de Luís não estava na sua mão e inocentemente, achando que ele tivesse esquecido ,perguntei:
– Mas, assim não vai sobrar espaço para o nome de seu pai Luis? Você vai querer outra folhinha pra desenhar a outra mão?
Ele olhando pra folha e terminando o nome do coleguinha disse:
– Eu não amo meu pai.
Eu, que estava de joelhos ao lado da cadeirinha dele nem pude acreditar e segurei pra não cair.
Ele levantou a cabeça e continuo indignado com cara de bravo.
– Ele deu um soco na minha mãe um dia. Ele bebe, é ruim.
Engoli em seco e parei por alguns instantes , conversei com ele algo que não recordo bem ( sei que os pais viviam juntos, e aquilo pra mim era chocante) e eu conversei com ele alguns minutos apenas. Acho que de algum modo tentei recuperar a imagem de pai que havia sido destruida na cabecinha daquela criança de 7 anos de idade. Mas não sou psicóloga, sou professora.
Temos que aprender a delimitar nossa área de atuação ( disse pra mim mesma)… Eu não estou gabaritada pra ser psicóloga (infelizmente), não estou!
Nossa área de atuação chega até onde podemos alcançar letrando, ensinando, transmitindo valores, mas recuperar imagem de pai que a destruiu na cabeça da criança não é nossa função.
Aquela experiência com aquela criança não me saiu da memória mesmo após 5 anos … Ela é viva, é um filme que passa e repassa me mostrando que amor continua sendo subjetivo e a criança continua aprendendo esse conceito subjetivo na objetividade da prática e na convivência diária com aqueles que a rodeiam.
- Emprestar um lápis sem fazer biquinho é amar;
- Dividir o lanche é amar;
- Dar um abraço quando se está triste é amar;
- Não excluir das brincadeiras o colega “chato” é amá-lo, pois não se ama esperando em troca, se ama apenas pelo prazer de amar.
Então … Nesse emaranhado de palavras que vão se estendendo na página e cansando seus olhos , além de dizer que amor é subjetivo tenho a dizer que amor se ensina de forma prática e objetiva, amando e sendo amado, fora isso essa é uma pequena sugestão de atividade para perceber o conceito de amor que cada um de seus alunos tem.
Prepare-se para se surpreender com as respostas, se emocionar, ou como eu chorar por que um pai prática e objetivamente ensinou seu filho de 7 anos a odiá-lo da maneira mais eficaz que poderia ensinar.
Ensinemos a amar amando!
Atividade em Anexo: