Adestramento e Letra Cursiva na Educação Infantil

Texto Reflexivo para Professores

Talvez o título deste post tenha te puxado até esta reflexão que posso garantir não é uma crítica ferrenha ao uso da letra cursiva na Educação Infantil, mas um olhar sobre os cursos de formação e a a ênfase deles em estudos apenas de dois importantes teóricos enquanto outros são apenas citados a nível de desencargo de consciência.

Vamos ao texto?
Adestramento e Letra Cursiva na Educação Infantil

O destaque dado para as contribuições de  outros teóricos que não sejam  Vygotsky e Piaget nos cursos da área de educação neste país é mínimo ou quase nulo.
Wallon, Pestalozzi, Montessori são citados rapidamente e logo se retorna ao ponto de partida SÓCIO INTERACIONISMO e CONSTRUTIVISMO.

O resultado disso é que muitos saem da academia adestrados… Doutrinados… E FECHADOS À NOVAS DESCOBERTAS!

Ora, se você conhece apenas duas vertentes do todo e mal leu sobre as demais como pode comparar, analisar, testar e construir conhecimento?

Sim, as teorias existem e são importantes e ninguém nega a eficácia de algumas delas, contudo o foco deste texto não é na crítica a este ou aquele teórico, mas na análise de nossas formações cada dia mais vazias de conteúdo e preenchidas pelas mesmas leituras curso após curso a ponto de parecer que recitamos um mantra.

Observem esta situação:

Recentemente evidenciando à uma colega a possibilidade de utilização de letra cursiva na Educação Infantil e na eficácia do trabalho dentro de uma perspectiva Montessoriana com uso de letras lixas e outros recursos ela não conseguia compreender e só me dizia que era um absurdo e que não podia.
Eu perguntava:
– Mas, por qual motivo não se pode usar letra cursiva na Educação Infantil?
Ela repetia:
– NÃO PODE!
Meio emburrada levantou-se e foi embora….
Ora, se não pode há motivos lógicos e justos. Há defesas de teses e há explicações que a gente até pode considerar e reconsiderar, avaliar, entender, concordar com a colega, mas apenas, NÃO PODE é muito vago!

Como posso eu chamar absurdo algo que não testei se não tiver sido adestrada, moldada, doutrinada?
Se não comparo teorias, como estou sendo um professor crítico e reflexivo?

Formação após formação, curso após curso temos foco em Piaget e Vygotsky. 
Lá adiante temos foco nos discípulos de Piaget e parece que o mundo gira em torno deles. São os astros principais de todo o sistema educacional e muitos estão partindo de interpretações toscas de seus pressupostos para afirmar categoricamente que isso ou aquilo é um absurdo!
Parece um disco arranhado… Tem gente que repete o que decorou tal qual no sistema antigo… Falam, falam, falam, brigam, esperneiam…

Acredite… Não há espaço no adestramento e na doutrinação para fazer pensar, analisar, ver novas formas de ensinar que fogem ao que se dita… É DITADURA MESMO!

Só há espaço para apontar caminhos certos e fórmulas mágicas.

Você já imagina que quem precisa gritar que todo mundo tá errado e ele faz certo precisa de ajuda especial!
Voltando à Montessori…

Ela deixou contribuições ímpares e práticas para a educação. Ela pensou a criança antes de qualquer coisa. Mas não ganha destaque na maioria das faculdades e cursos de formação, não se faz um estudo aprofundado de seus pressupostos.

É certo que para aplicar sua metodologia ( sem dúvida nenhuma)  é preciso ter um olhar bem diferenciado e distante do adestramento e doutrinamento das universidades. O que anda cada dia mais difícil de se encontrar!

Mas, por qual motivo a criança de Educação Infantil na escola pública não pode ver letra cursiva?

Fato é que não tem nada que ver com a falta de capacidade da criança no aprendizado das diversas formas de escrita, mas na ineficiência de um sistema de ensino que fere a autonomia do professor e dita regras ao melhor estilo SEU MESTRE MANDOU!

Em algumas instituições só falta mesmo o chicote na mão.

Eu desconfio por qual motivo não se pensa em aplicar metodologia Montessoriana nas escolas públicas.
Ora, Montessori nas escolas sai caro, muito caro.

Pensar a criança dentro do mundo do adulto mas com seu espaço exclusivo de criança e atendimento diferenciado em turmas reduzidas sai o olho da cara!

E não há prefeitura que queira bancar isso…
Imagina ter que desentulhar os espaços escolares e dar dignidade ao professor e à criança?
É UM ABSURDO PRA ELES!
Melhor ensinar o que pode e o que não pode, encher as salas de aula e dizer ao professor que forme cidadãos exemplares aplicando a teoria tal.

O que acho trágico e cômico ao mesmo tempo é que se sustenta nas faculdades  por A + B a formação de alunos pensantes, críticos, reflexivos e com autonomia. E enquanto o discurso é bonito na prática eles adestram os futuros professores.

Para que afinal formar alunos críticos e reflexivos?
Para se tornarem professores sem autonomia, tendo que aplicar aquilo que o seu mestre mandar?

Desconfio que no futuro, caso consigamos formar estes cidadãos a que nos propomos, não existirá um sequer a almejar a profissão de professores.

SÓ FALTA A CHIBATA NA MÃO DO SENHORIO CASO PENSEMOS EM APLICAR QUALQUER OUTRA METODOLOGIA QUE NÃO VENHA NOS MOLDES ESTABELECIDOS PELO GOVERNO NAS SUAS FORMAÇÕES.

Deste modo após tanto ouvir o que pode e o que não pode enquanto ouve também que precisa respeitar a autonomia da criança sem ter autonomia nenhuma em sala de aula você pode perguntar ao professor…Mas por que não pode?

E ele responderá sem entender, pois não tem direito nenhum de pensar diferente..
– Por que NÃO!
Ou terá uma das respostas prontas (aprendidas do adestramento) para repetir e imaginar que está pensando por si só.
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Artigo criado por Gi Barbosa em
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