4 fases da linguagem na infância.

4 fases da linguagem na primeira infância.

A aquisição da linguagem é o processo pelo qual a criança
aprende sua língua materna. A respeito desse processo, há boas razões para
afirmar que a aquisição da primeira língua é a maior façanha, de um processo
individual, que podemos realizar durante toda a vida. Explicar esse processo é
hoje considerado uma das tarefas centrais da lingüística. Muitos estudos nesta
área se associam a psicolingüística. A maior base de dados nesta área é o Child
Language Data Exchange System. Em tradução livre, significa “Sistema de
Intercâmbio de Dados da Linguagem da Criança”.
A
linguagem é o meio de adequação do indivíduo a sociedade. Linguagem como meio
tradicional de comunicação é o instrumento de transmissão de ideias, bem como
da ocultação dessas, da alienação e da segregação. A linguagem é o item que se
une ao convívio social como construtor das práticas sociais condicionadas e da
identidade psicológica do homem. Um indivíduo que fica isolado da sociedade e
aprende a linguagem tardiamente, tem uma percepção mais aguçada da realidade,
suas ideias não se limitam a símbolos ou abstrações, como palavras ou ideias
que distorcem os conceitos. Suas “portas da percepção” estarão
abertas, pois seu conhecimento de mundo está livre de
“pré-conceitos”, ou seja, ideias perpetuadas pela sociedade, ditas
como verdadeiras, mas que se analisadas sem “pré-idéias” são apenas
práticas sociais condicionadas que não se utilizam de lógica, a imposição de
regras(normas) para a regulação da práxis.
A
evolução da linguagem na primeira infância (do nascimento aos 2 anos de vida)
possui 3 fases:
1º- De 0 a 3
meses, linguagem espontânea,
onde aparecem as primeiras manifestações do bebê, por meio de gritos.
2º- De 3 a 20 meses, linguagem de imitação, por imitação ela
reproduz certo número de palavras que ouve, sem, entretanto, compreender sua
significação.
3º- De 20 a 22 meses, linguagem social, aparece o
desenvolvimento dos mecanismos neuromusculares que possibilitarão as
articulações das palavras.
Na segunda infância dá
se a Linguagem Organizadora (3 aos
6/7 anos), a criança prepara-se para a aquisição do raciocínio lógico, ou seja,
ela vai evoluindo cognitivamente, funcionando de modo conceitual e
representacional, internalizando experiências vivenciadas em contato com o
objeto.
Entre essas
experiências, aparece a linguagem, que nesse período proporciona a criança
maior agilidade de pensamento, e até os sete anos a criança apresentará domínio
completo de todos os sons simples da língua e suas combinações.
A criança modela sua
fala pela linguagem que ela ouve, por isso, é importante que os adultos compreendam
que as crianças passam por transformações e estão apreendendo o que lhes
é ensinado.
O correto é
usar dicção e normas gramaticais corretas, o erro estabelecido nesse
início pode transformar-se em hábitos mais tarde.
A aprendizagem e o
desenvolvimento ocorrem a cada etapa, e os progressos demonstram que a criança
é um elemento ativo que constrói sua fala.
O desenvolvimento da linguagem é um processo muito complexo.
Falar implica ouvir e processar o que se ouve, replicar utilizando as palavras
adequadas e fazendo os movimentos articulares certos utilizando músculos e
tendões específicos e regulando a capacidade respiratória. Para falar temos de
pensar, construir frases, escolher as palavras, recorrer a símbolos para
expressar o nosso pensamento, tudo numa fração de segundos, de modo a partilhar
sentimentos, ideias, valores, fatos e pensamentos. A evolução da linguagem, tal
como acontece com o desenvolvimento da criança noutras áreas, é um processo
gradual e não é igual para todas – umas têm um ritmo mais lento, outras, mais
acelerados.
Referenciais Bibliográficos:
 DE LEMOS, C. T. G.
Interacionismo e Aquisição de Linguagem. D.E.L.T.A., 2 (2): 231-248, São Paulo,
1986.
  OLIVEIRA, M. C. L. Com o igual também se
aprende: A linguagem e a construção da subjetividade na creche. Dissertação de
Mestrado, Rio de Janeiro, PUC, 1992.
 PEDROSA, M. I. J. P. C.
Interação Criança-Criança: Um lugar de construção do sujeito. Tese de
Doutorado, São Paulo, IP-USP , 1989.
PIAGET, J. La Naissance de l’Intelligence chez l’enfant. Paris,
Neuchâtel, Delachaux et Niestlé, 1936.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo, Martins
Fontes, 1936. 



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