Estas são apenas algumas expressões reais do preconceito diário.
Acontece o tempo inteiro fora da escola, mas é justamente dentro dela, onde há crianças e adolescentes em processo de formação que são mais fortes e tomam proporção assustadora.
Não é tarefa das mais simples suportar a dor de ver um filho sendo excluído, menosprezado, tachado de louco, doente, perturbado…
Talvez muitos não consigam entender por não ter sofrido na pele o preconceito contínuo que atravessa o tempo.
A criança cresce e o preconceito a acompanha até a vida adulta. Até que ela se dê conta que não é a opinião das outras pessoas que fará com que seja única e especial. Mas até que alcance essa compreensão um estrago muito grande pode ter sido feito caso os pais e a escola não saibam como lidar com as situações de preconceito diário
Situação 1:
Um pai leva sua filha à escola. Na sala ao lado estuda uma criança diagnosticada com Síndrome de Asperger. Ela pula, corre, retorna a sala,observa agitada o ventilador que gira e salta feliz.
Na sala da filha um coleguinha diz:
– Sabe aquele menino? O que tem um problema na cabeça?
A professora chega o pai não se dá conta da importância daquelas palavras ou talvez por força da ocasião não encontre um meio de falar a sós e explicar que elas são inadequadas e podem ferir profundamente o outro….
Dias depois a filha chega em casa e diz:
– Sabe quele menino, o do problema na cabeça?
E o pai a repreende e senta para conversarem.
-Ele não é o menino do problema na cabeça. Ele tem nome. Como é o nome dele?
Você sabe que não se deve falar desta forma das pessoas? Gostaria que no lugar de te chamarem pelo nome dissessem:- Sabe aquela menina doente da cabeça?
A criança pensa uns segundos e diz:
– Não, eu não ia gostar… Desculpe, eu não vou falar mais. É que todo mundo na escola fala assim.
– Você não tem que deixar uma pessoa triste como todo mundo, tem?
– Não, papai!
E um abraço apertado é dado e o pai espera que não mais aconteça
PS: Ou você corta o preconceito pela raiz ou ele gera frutos rapidamente.
Situação 2:
Uma criança, cujo os pais precisam acompanhar à escola devido a gravidade de seu diagnóstico e a falta de um acompanhante vê seu filho adolescente sofrer bullyng diário de um colega que pede que se afaste dele.
– Sai daqui doente. Não quero pegar sua doença não!
O bullyng continua por semanas até que um dia a mãe do adolescente vai falar com a mãe do “agressor”. E ouve a resposta inesperada
– Mas ele é doente mesmo!
PS: Ou o preconceito é cortado pela raiz ou elas se aprofundam, a árvore cresce e firma encontrando apoio na sociedade . Passa a ser vista como algo natural e correto de se praticar.
Situação 3:
Uma mãe procura uma escola renomada onde possa matricular seu filho autista.
Até saber do diagnóstico da criança a escola é mostrada, há muito espaço, bons professores , etc…
Mas a mãe diz:
-Meu filho é autista.
– Não há vagas!-É a resposta da gestora.
O preconceito penetra em todas as instâncias da sociedade. Onde menos deveria estar presente pode ser justamente o lugar onde mais ele será encontrado
Situação 4:
Uma mãe chega à escola com um diagnóstico inicial de distúrbio de fala.A criança tem 2 anos e meio.
Conversa com os professores, mostra os exames feitos e o diagnóstico.
Seu filho de repente de torna: – O DÉBIL MENTAL- O LOUCO…
Ele cresce, tem traços leves de autismo, aprende a falar aos 5 anos de idade, aos 8 começa a sentir o peso do preconceito… Diz um dia à uma vizinha que fala com ele como se tivesse 2 anos de idade.
– Eu não sou doido, sua besta!- Tenta uma defesa ainda que mal criada.
Ele cresce, é adolescente, fala bem, está prestes a ingressar no ensino médio, e ainda sofre com o preconceito todos os dias da vida.
Certa feita vendo um vídeo ao lado da mãe ele diz sobre o protagonista:
– Ele só queria ser igual a todo mundo, né mãe?
-É filho!- responde a mãe sabendo o que virá a seguir.
E com os olhos cheios de lágrima diz:
-Eu também!
E a mãe segue explicando, mais uma vez (engolindo o choro e fazendo uma força descomunal pra não deixar transparecer a emoção) que é justamente o fato de sermos diferentes que nos torna especiais e únicos.
PS: O preconceito causa feridas na alma. A criança e a família sofre mais com ele que com o diagnóstico.
Os rótulos são colocado no dia-a-dia sem que muitas vezes percebamos, mas vale a pena estar atento.
Se uma criança com diagnóstico (seja qual for) entra em sua sala de aula o trabalho de base é justamente fazer com que os alunos, pais de alunos e comunidade escolar compreendam, aceitem e auxiliem no processo de desenvolvimento da criança
Uma coisa é certa. Temos mais a aprender com um “deficiente” que ele conosco!