A Educação brasileira é repleta de rupturas… É sim…
– Hora de romper com tudo! Nada mais presta do antigo modelo…
E vamos lançar fora … Como se aquela viagem necessitasse de nova bagagem… Como se estivéssemos com roupa de frio na mala, mas a caminho do Havaí…
De repente alguém diz:
– Não é assim que a criança aprende… Ela aprende deste outro jeito…
É como se os seres humanos tivessem sido feitos em série… Como se todos aprendessem de uma mesma forma.
E, no lugar de produzir, no lugar de pegar a antiga bagagem e colocar nela novos componentes de modo a preparar-se para o frio ou para o calor, nós lançamos tudo fora e vamos fazer uma nova adaptação…
Pq, a criança não aprende mais assim… Aliás, você aprendeu dentro de outro modelo de educação?
Não, você não sabe nada… Você é apenas um robô … Você fez parte da educação bancária …
Ah, você ainda faz parte dela por conta da postura de muitos donos da verdade que querem abrir a sua mente e colocar que apenas deste modo a criança aprende…
Bem disse Emília Ferreiro:
“No Brasil, a pesquisa psicolinguística deveria ter seguido de perto a inovação pedagógica, mas isso não aconteceu. E por isso abriu-se uma brecha para polêmicas pouco produtivas.
No início um debate estéril e improdutivo, opondo Piaget e Vygotsky. E agora um debate entre Alfabetização e Letramento. e, como pano de fundo, outro debate entre Construtivismo e Método Fônico.
Volte sua atenção para a sentença “polêmicas pouco produtivas.”
É isto que tem sido feito dia após dia neste país quando se fala em educação…
Mas… Vamos romper com o modelo antigo e vamos adotar um novo…
Será que vamos viver cometendo os mesmos erros?
Será que vamos novamente ROMPER com tudo,tudo,tudo e fechar nossa visão em algo pronto e acabado… Na visão de modelo ideal de educação?
Alguém diria:
-Gente, os tempos mudaram, as crianças mudaram, o mundo mudou…
E concordo…Realmente tudo no mundo mudou… Quer dizer, tudo não… As velhas rupturas educacionais continuam sendo impostas…
Pq pra dar certo é preciso jogar toda bagagem pela janela . Não é verdade?
Se você leu este texto até aqui deve estar se perguntando que interpretação doida da realidade é esta? Quem está falando em jogar tudo fora e ficar com um modelo novo de educação? Quem disse que a criança só aprende de um jeito?
Bem, respondo prontamente que esta visão de ruptura é a que está impregnada na mente de muitos colegas quando lhe é mostrado algo novo… Eles esvaziam a mente e lançam fora tudo que sabem pra colocar no lugar uma “fórmula mágica” de se fazer educação.
Muitos dos formadores desta década têm essa visão das coisas essa interpretação errônea esta apropriação de uma única e exclusiva verdade…
São estes os donos da verdade. A arrogância caminha lado a lado com eles… Não veem senão erro em tudo que o outro faz e em tudo que foi feito antes dele.
Queridos, sinto informar, mas não descobrimos a pólvora, ou seja, não foi encontrada ainda uma fórmula mágica de se fazer educação. Temos caminhos a seguir e alguns caminhos dão em uma boa formação de alunos.
Se os donos da verdade estiverem realmente certos só teremos profissionais competentes daqui há uns 20 anos que é quando os alunos de hoje estarão plenamente formados e formando outros educadores perfeitos. O que resta ao mundo hoje somos nós…
Uns acreditando na eficácia do Fônico outros no Construtivismo. Uns amando Piaget e outros Vygotsky. Uns acreditando que alfabetização e letramento andam juntos e outros que são coisas totalmente diferentes… Seres imperfeitos, sem fórmula mágica… Não são donos da verdade, não estão demasiadamente certos de suas certezas como diria Freire,mas estão nas salas de aula humildemente mesclando o que há de melhor entre o antigo e o novo levando seus alunos a perceberem que não existe fórmula mágica de se fazer educação existe vontade, pesquisa, busca, aprendizagem diária e mais vontade de que uma criança aprenda de modo mais humano … São afetivos, são técnicos também, mas acima de tudo são amantes da educação.
Gi Barbosa Carvalho