Trazemos aqui uma temática bem real do nordeste brasileiro. Apesar de minha localidade ser um oásis no meio do deserto já trabalhei em comunidades onde literalmente boi com sede bebia lama, onde pessoas tomavam a mesma lama que o boi tirando com suas cuias de dentro de um tanque de barro uma água suja e necessária, enquanto os políticos se refestelavam com sua água mineral trazida em copo chic.
Meus alunos chegavam com a roupa cheirando a mofo ( aquela que você guarda pra lavar, mas como não tem água veste novamente) e eu, impotente corria atrás da prefeitura pra pedir que enviassem um caminhão com água para o povo que tinha que andar quilômetros para conseguir um pote de água suja. E isso ainda existe muito, muito e muito e é preciso que desde pequeno se crie uma consciência na criança de que isso não pode acontecer.
A letra dessa música é na minha opinião o forró educacional, ou seja, aquele que verdadeiramente pode contribuir em algo na sala de aula. E, por esse motivo, não poderia ficar de fora desse caderno.
A letra está abaixo, leiam, reflitam, comentem…
Filho do Dono
Flávio José
Não sou profeta
Nem tão pouco visionário
Mas o diário
Desse mundo tá na cara
Um viajante
Na boléia do destino
Sou mais um fio
Da tesoura e da navalha
Levando a vida
Tiro verso da cartola
Chora viola
Nesse mundo sem amor
Desigualdade
Rima com hipocrisia
Não tem verso nem poesia
Que console um cantador
A natureza na fumaça se mistura
Morre a criatura
E o planeta sente a dor
O desespero
No olhar de uma criança
A humanidade
Fecha os olhos pra não ver
televisão de fantasia e violência,
aumenta o crime
Cresce a fome e o poder
Boi com sede bebe lama
Barriga seca não dá sono
Eu não sou dono do mundo
Mas tenho culpa, porque sou
Filho do dono
Música
para festa Junina – Até o dia clarear – Matheus Liberato