Ontem enquanto organizava algumas fotos de uma das escolas que com carinho auxilio através de meu trabalho parei um instante frente a tantas crianças e como que sem explicação duas lágrimas rolaram pela face. Me contive voltei a separá-las, escolhê-las e olhando as crianças, a sala de aula, a equipe de professores pensei com o coração apertadinho, mas com um sorriso no rosto:
– Não nos fazemos professores através de um curso seja de magistério ou pedagogia. Nascemos professores!
Senão por qual motivo nos veríamos necessitados de estar inseridos no processo educacional de seres tão complexos que não raro nos ofende, nos tira a paciência, nos faz chorar escondido…
Mas que ser é esse que também nos faz sorrir, nos abraça e sente um prazer indescritível em nos auxiliar por algumas horas?
Bem, eu não sei explicar, mas as vezes eu sinto essa necessidade de estar em sala de aula de fazer parte mais de perto, do contato humano, do calor que é transmitido por nossos alunos.
Como são observadores, encantadores e como nos irritam e nos provoca.
E não é que as vezes nós nos comportamos mais puerilmente que eles … Nos pegamos em uma queda de braços com uma criança de 7 ou 8 anos … Como somos criança em nossa essência.
Esta semana enquanto organizava a cozinha falava com uma de minhas filhas sobre uma colega de classe que tive.
– Ela seria uma professora maravilhosa! disse eu – Nasceu pra isso, tem o dom de encantar as crianças de fazê-las ouvir de ensiná-las … Mas ela nunca conseguiu formar-se, na verdade perdeu no último ano já com estágio feito e por fim desistiu. É cabeleireira, mas com alma de professor, vai fazendo e ensinando.
Ela não é professora, mas nasceu pra lecionar e faz isso com desenvoltura.
Quando você elogia sua comida ela pergunta se você quer a receita e já vai falando o passo a passo, se fala que seu cabelo ficou bonito ela corre pra pegar a tintura que usou e te mostrar como foi feito, mas os ” profissionais” nunca enxergaram um professor dentro daquela jovem com uma certa dificuldade de aprendizagem.
Eu sempre a enxerguei professora!
Muitas vezes somos privados de exercer nossa profissão por favoritismo político ou por consciência sem alienação…
É triste as vezes saber que pessoas sem amor algum pela profissão a exerce pelo dinheiro e faz isso de forma “profissional” enquanto os verdadeiros profissionais nascidos professores espreitam pela janela na ânsia de realizar o trabalho do qual ele tanto reclama.
O professor é mais que um profissional da educação. Ele é gente, ele é criança, ele tem a alma na infância e esse é seu diferencial.
Existe o profissional e o profissional amoroso.
É bem aquilo que Freire costumava dizer :
“…ensinar e aprender não pode dar–se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.”
“Não de pode falar de Educação sem amor “
Outro dia enquanto via um documentário sobre a vida desse educador e profissional amoroso ouvia uma de suas filhas dizer que ele não havia sido um pai presente, mas que nos momentos em que esteve perto foi de forma tão intensa que supria todos os momentos de ausência.
A maneira como suas filhas falavam sobre a educação era a maneira que ele mesmo falava .Tinham uma paixão tão imensa que mesmo de longe se podia perceber que seus corações queimavam.
Estou divagando?
Ah, eu sinto falta de meus momentos em sala de aula e as vezes eu choro por que não me é dado o direito de exercer aquilo que em amor foi gerado em mim desde que nasci, mas são apenas momentos de um choro contido e resignado, pois se aqui estou há algum propóstio e alguma utilidade e avante eu vou na certeza que muitos que se encontram no recinto escolar e que nasceram professores podem auxiliar e direcionar os que se fizeram profissionais.
Que suas férias possam ser iluminadas com a lembrança do sorriso de cada aluno, do auxílio de cada colega e da admiração que tenho por cada um de vocês que tiraram o foco de seus salários e conseguiram enxergar que o lugar que você ocupa é importante demais e que nem mesmo um milhão de reais pagaria um dia de amor derramado sobre a vida de uma pessoa.